
DICAS DE PREPARAÇÃO PARA O CONCURSO DA MAGISTRATURA
Nesta minha primeira postagem vou propor algumas dicas para quem está disposto a passar no Concurso para a Magistratura do Trabalho. Não são dicas convencionais, é bom que se diga, porque estas todo o mundo conhece, nem são dicas de estudo propriamente dito, mas sim de preparação, que podem ser implementadas a par do estudo, sem nenhum prejuízo ao aprendizado do conteúdo e com ganho significativo no resultado final.
Antes, porém, acho que é o caso de justificar minha proposta. Eu tenho a convicção - e acho que o leitor compartilha desse pensamento - de que o concurso para a Magistratura não é um concurso comum. Não é preciso muito para comprovar isso, basta ver que o Juiz personifica o Judiciário, um dos Poderes da União. Por isso, a preparação não pode ser a mesma que se faz para concursos que exigem apenas conhecimento técnico. É preciso ir além. Dito isto, às dicas:
1. Radicalizar não funciona
Aristóteles escreveu que a virtude está no caminho do meio (Ética a Nicômacos). Isso quer dizer que se dedicar exclusivamente ao concurso pode levar à frustração em pouco tempo. Ninguém consegue fazer uma coisa só por um, dois, três anos seguidos ou mais. O concurso para a Magistratura exige persistência e dedicação por bastante tempo. Por isso, é importante praticar esportes, se divertir com os amigos, viajar, ouvir música, dançar. Mas é claro que algum sacrifício deve ser feito. Nem tanto o céu, nem tanto a terra.
2. Somos escravos da nossa rotina e temos que respeitá-la
Nossa rotina é feita de costumes que se consolidaram ao longo de toda a nossa vida. Mudá-la radicalmente de uma hora para outra não é possível. Eventualmente, a mudança pode durar dias e talvez semanas, mas logo temos a necessidade de retomar nossos hábitos. Um exemplo disso é o período de férias. Vamos para o litoral muito felizes, mas uma ou duas semanas depois queremos voltar com a maior urgência. Então, o mais sensato é mudar um pouco a rotina, acrescentando uma ou duas horas de estudo por dia, e ir aumentando gradativamente o que for possível, mas sem exagero.
3. Autoconfiança é um ingrediente precioso, mas na medida certa
Diante de qualquer objetivo é preciso ter noção da extenção da responsabilidade e avaliar as potencialidades individuais. Não é uma tarefa fácil, porque se pode concluir que as potencialidades não são suficientes para atingir o objetivo, quando na verdade são (caso de falta de autoconfiança), ou que são maiores do que são na realidade (caso de excesso de autoconfiança). O melhor remédio, para quem decide fazer o concurso, é aprofundar o máximo possível o conhecimento do conteúdo programático do concurso e estudar provas de concursos passados. Também é bom conhecer pessoas que já fizeram o concurso e que estão se preparando.
4. Exercitar o lado direito do cérebro
Nossa educação (como de resto é quase toda a educação ocidental) é baseada no paradigma cartesiano, que dá ênfase ao raciocínio lógico, matemático, linear. Com isso, desenvolvemos primordiamente nosso lado esquerdo do cérebro. Isso é um problema para quem está determinado a ser Juiz. Julgar exige muito mais do que raciocínio lógico, requer sensibilidade, criatividade, visão global, serenidade. Por mais que o conteúdo programático do concurso não explicite essas exigências, é certo que quem avalia as provas escritas e a prova oral são pessoas que têm essa preocupação, ainda que muitas vezes apenas intimamente. E é evidente que quando escrevemos transmitimos de forma indireta todo o nosso preparo, inclusive nesses quesitos. Logo, é bom se dedicar a isso. Como? Ouvindo música calma, pintando, desenhando, fazendo exercícios de relaxamento e meditação, cantando ou tocando, lendo poesia, enfim, fazendo o que geralmente achamos que só vai nos atrapalhar nos estudos, mas que temos prazer em fazer.
5. Treinar o raciocínio lógico e matemático
Como eu já disse, nada de radicalismo. Não basta estimular só o lado direito do cérebro – embora isso requeira maior esforço –, temos também que treinar nossa calculadora. As provas do concurso exigem antes de tudo uma demonstração explícita de racionalidade, o que quer dizer não-contradição, linearidade, lógica, verdade. Para treinar isso, dá para fazer palavras cruzadas, sudoku, montar quebra-cabeças, fazer exercícios de matemática etc.
Espero que essas primeiras dicas sejam úteis.
Boa sorte!
10 comentários:
Olá, primeiramente gostaria de parabenizar por esse espaço, que certamente está sendo valioso para aqueles que, como eu, estão se dedicando ao estudos para o concurso da Magistratura do Trabalho. Sou récem formada, pois terminei o curso de Direito em dezembro de 2008, mas logo no começo de 2009 iniciei a minha preparação para o concurso, fazendo um curso preparatório e estudando em casa no restante do tempo. Como ainda estou no início da caminhada sempre surgem algumas dúvidas sobre a melhor forma de seguir na preparação. Achei essas dicas bem interessantes, pois fogem do que normalmente costumamos ouvir, já que em geral nos dizem que a dedicação tem de ser total, intensa, sem dar atenção para alguns pontos que a matéria nos lembrou. Nesse sentido, gostaria de saber se acha proveitoso utilizar todo o tempo disponível para se dedicar aos estudos, tendo em vista que poderia ficar sem trabalhar, ou seria melhor partir um pouco para a advocacia, principalmente a trabalhista, para assim ganhar mais experiência na área e também levar os anos de preparação com mais tranquilidade? O que acha também sobre fazer outros concursos no decorrer da preparação? Isso é viável para também adquirir experiência ou pode dispersar e prejudicar?
Abraços, obrigada desde já e mais uma vez parabéns pelo espaço!!!
Olá Sonia!
Obrigado por suas palavras, que são um incentivo importante neste momento em que o blog está começando.
Quanto à sua preparação, a dedicação integral é proveitosa sim, mas com cuidado para não esquecer do lazer e do descanso. Precisamos de um tempo ocioso para refletir sobre o que estudamos. É neste tempo que fixamos o conhecimento e fazemos relações com o que já sabemos.
Quanto a trabalhar ou não, isso é muito pessoal. Para decidir, leve em conta sua tranquilidade. Se a dedicação exclusiva ao estudo (que é um trabalho árduo) lhe trouxer angústia, talvez seja melhor fazer uma outra atividade, como advogar, por exemplo. Se você conseguir ficar tranquila só estudando e não precisar trabalhar, melhor. A advocacia não lhe trará experiência que seja decisiva na preparação, porque a exigência do concurso é muito mais teórica do que prática.
Concursos em outras áreas podem desviar o foco de estudo, mas concursos que tenham em parte um conteúdo programárico comum podem ser interessantes. Por exemplo, os concursos de técnico e analista judiciário da Justiça do Trabalho (este último é melhor e conta como tempo de experiência jurídica), onde você terá a chance de desenvolver atividades que lhe ajudarão na preparação, ou ainda os concursos do MPT.
Um abraço e boa sorte!
primeiramente parabens pelo blog, que vendo pela primeira vez percebe-se que é de altissima qualildade, principalmente para aqueles que como eu estão começando a estudar para o concurso da magistratura trabalhista.
gostaria de fazer uma pergunta.
trabalho com advogado na area trabalhista há 3 anos e agora comecei a estudar para o concurso da magistratura. porém trabalho o dia todo, o que o sr sugere como forma de studar as matérias, ou seja,uma por dia ...
parabéns
Caro Anderson,
Obrigado por suas palavras!
Você que trabalha nesta área tem uma oportunidade excelente de unir o útil ao agradável. Aproveite o seu trabalho cotidiano para se aprofundar nos estudos. Por exemplo, em vez de utilizar nas suas petições os modelos prontos, mesmo os mais básicos, pesquise sobre a matéria e se obrigue a redigir novos modelos, nem que seja um só por dia. Pesquise a jurisprudência e a doutrina a respeito do tema. Por fim, faça duas ou três revisões na redação, que conta muito nas provas escritas.
É claro que depois de um dia inteiro de trabalho ninguém tem muito pique para estudar, por isso, se você puder, comece uma especialização ou um curso preparatório. Caso não seja possível, estude uma ou duas horas em casa, iniciando pelos tópicos mais básicos, mas sempre alternando as matérias.
Grande abraço e sorte!
Prezado Dr. Alcides,
Estou no décimo período de direito e almejava a advocacica tributária. Porém, ultimamente venho deslumbrando a hipótese de prestar concurso para magistratura. Em visita a outros blogs, concluí que o curso preparatório tem grande influência no desempenho do candidato. Acontece que sou estagiário em um grande escritório, que paga muito pouco até aos advogados e não vejo como pagar um cursinho preparatório com essa baixa remuneração. O cursinho é realmente decisivo? Há como ser aprovado no concurso para magistratura apenas estudando em casa? Aproximadamente, em que porcentagem o senhor vê a vantagem de um "concurseiro" com cursinho contra um que não faz?
Muito obrigado pelo apoio que o senhor está nos prestando!!
Caro Bruno,
Não acho que o curso preparatório seja decisivo, até porque não é no curso que se aprende de verdade, é se dedicando aos estudos individualmente, em casa. Por isso, é possível sim passar no concurso sem fazer um curso preparatório. Vários colegas meus não fizeram cursinho algum. É claro que o contato diário com outros estudantes, com professores e com a matéria, além do compromisso assumido, acabam sendo positivos, porque não deixam o estudante se desmotivar. No entanto, não dá para dizer o quanto estes pontos positivos tem influência. Eu tenho uma certeza, no entanto: quem se dedica de verdade, com cursinho ou não, acaba passando, mesmo que demore um pouco! Um abraço e obrigado pela visita!
Agradeço muitíssimo pela atenção e pelas dicas, tenha certeza que estão sendo valiosas e me ajudando muito nesse momento de início de preparação.
Abraços e muito obrigada
Sonia
Caro Alcides,
Estava pensando na vida(pra variar), pesquisando notícias e quando me dei conta já estava acessando o seu blog que por sinal está de muitíssimo parabéns, pela dedicação e vontade em nos passar e compartilhar essa sua experiência. Agradeço em nome de muitos aqui...
Enfim,irei prestar para MPT ( procurador do trabalho), já decidi vou seguir carreira trabalhista. Estou no 2º ano ( 4º semestre) do curso, sou estagiário no juridico da prefeitura do meu municipio. Estou pensando em largar o estágio pra mim me dedicar só e exclusivamente aos estudos, claro que não deixarei o lazer de lado, pois, é fundamental também nessa batalha né? rs.
Minha preocupação é quando terminar a faculdade eu não conseguir passar em um concurso do TRT ou MPT que é o meu objetivo, já que não viso advogar, não me agrada, interessa!!!
Gostaria de algumas dicas do Sr.Dr. a despeito do que eu poderia estar fazendo... Estou meio perdido no momento, não sei pra que lado vou...
Penso também em passar em um TRT ( como analista ou técnico) pra depois prestar MPT, mas, será que conta como atividade juridica ser simplesmente técnico ou analista?
Porque seria uma boa se eu passasse como técnico enquanto eu estivesse na faculdade ainda não é?
Desculpa pela dissertação, ainda estou desenvolvendo minha redação.rs Falei um pouco demais a mesma coisa.
Grato pela atenção ora dispensada!
Danilo.
Caro Danilo,
É importante se dedicar bastante nesta fase de formação profissional. Tudo o que for deixado de lado na época da faculdade vai fazer falta lá adiante.
Quanto aos outros concursos, o de analista conta como tempo de atividade jurídica, mas é privativo de bacharel em direito. O de técnico não conta, a menos que você exerça uma função técnica de assessoramento, o que também é reservado a bacharéis.
Um abraço e boa sorte na sua preparação.
Olá Alcides,
Muito obrigado pela atenção e por sanar minhas dúvidas!
Se não for muito incomodo o Sr. Dr. tem como estar passando algumas bibliografias importantes para essa fase de preparação para o MPT e ou Magistratura do trabalho?
Grato!!
Danilo.
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